Alegrei-me quando me disseram: Vamos á casa do SENHOR.
Salmos 122:1

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Imitando os Nossos Anciãos


                                        Dr. Guy Prentiss Waters é professor de Novo Testamento no Reformed Theological Seminary em Jackson, Mississippi. Ele é autor do livro How Jesus Runs the Church.
O antigo filósofo grego Sócrates é regularmente citado como tendo dito: "Os filhos hoje amam o luxo; não têm boas maneiras, menosprezam as autoridades; desrespeitam os mais velhos e dão preferência às conversas ao invés de exercitarem-se. Os filhos hoje são tiranos e não servos de seus lares. Eles já não levantam-se quando os mais velhos entram na sala. Eles contradizem seus pais, tagarelam diante das visitas, devoram as guloseimas à mesa, cruzam as pernas e tiranizam seus professores". A citação acima é certamente apócrifa, mas ela ressoa com a experiência humana das gerações. Ao longo da história, as gerações mais velhas olharam por cima de seus óculos com reprovação em relação aos valores e o caráter da geração mais jovem.
A Escritura nos adverte aqui: "Jamais digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Pois não é sábio perguntar assim". (Eclesiastes 7:10). Os cristãos não devem ceder à tentação de romantizar o passado ou demonizar o presente. Nós servimos a Deus em nossos dias, convencidos de que ele nos chamou para esta geração e não para outra (1 Coríntios 7:17). Estamos certos de que ele dá ordens soberanamente não apenas no que diz respeito aos assuntos dos reis e nações (Provérbios 21:1; Jeremias 1:10), mas até mesmo sobre o lançar de sortes (Provérbios 16:33) e sobre as vidas dos pardais (Mateus 10:29).
Para servir ao Senhor de forma eficaz em nossos dias, no entanto, é preciso "entender os tempos" em que vivemos (1 Crônicas 12:32). Quando fazemos isso, nós encontramos algumas diferenças surpreendentes no Ocidente entre as gerações passadas e a geração atual. Uma diferença em particular é muito difundida e preocupante. As gerações anteriores eram conhecidas por um comprometimento com o trabalho árduo em detrimento da satisfação imediata – basta pensar nos homens e mulheres que vieram da época da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial. A geração atual, no entanto, é conhecida por seu apego quase religioso à satisfação instantânea.
Esse apego tornou-se especialmente evidente em uma área da vida– finanças pessoais. A dívida do consumidor inflou; os gráficos da dívida do consumidor entre a Segunda Guerra Mundial e o tempo presente mostram uma linha que se move de forma constante e, em seguida, cresce acentuadamente. Os americanos estão pedindo mais emprestado, gastando mais e poupando menos. Os relatórios indicam que a recente recessão amorteceu o aumento da dívida das famílias em algum grau. Mas alguns analistas dizem que essa tendência pode ser devido à maior relutância das instituições financeiras em emprestar do que de qualquer disciplina recém-descoberta por parte daqueles que fazem o empréstimo.
A que podemos atribuir essa explosão do endividamento pessoal? Podemos certamente destacar a proliferação de cartões de crédito, hipotecas e empréstimos para casa própria na metade do século passado. No entanto, esses são apenas os sintomas, a causa está enraizada no caráter. Sinclair Ferguson uma vez mencionou o slogan de um dos primeiros cartões de crédito (Access) introduzido no Reino Unido há mais de uma geração atrás: "Elimina a espera do querer". Ao invés de poupar dinheiro durante um tempo para fazer uma compra, agora somos capazes de inverter essa ordem — compramos agora e pagamos depois. O problema é que a proliferação de crédito nos permite comprar sem pensar em como vamos pagar, e com cada vez menos restrições aos nossos impulsos. Esta geração tem mais coisas e aspira a um padrão de vida que seus bisavós ficariam corados. Porém, a trágica ironia é que esta geração nem ao menos consegue pagar as bugigangas que tem.
Acompanhando essa tendência, tem havido uma mudança de geração para geração nas atitudes com relação às ofertas.. Em um artigo recente, Tony Cartledge mostra que as estatísticas indicam que quanto mais jovem se é, menos se oferta na igreja, proporcionalmente à renda que se tem. Cartledge cita duas igrejas cujos membros mais velhos desproporcionalmente garantiram as despesas da congregação, e sugere que estes não são casos isolados. Ele levanta questões sobre como ficará a oferta da igreja depois que esses membros idosos falecerem.
O que devemos fazer a respeito dessas coisas? Em primeiro lugar, não devemos esquecer que muitos ainda trabalham arduamente, em silêncio, economizam para o seu futuro e o futuro de seus filhos, ofertam generosamente e vivem dentro de suas possibilidades. Em segundo lugar, as diferenças que observamos entre as gerações passada e atual não advêm do fato de que as gerações passadas foram todas cristãs. Obviamente, elas não foram. Essas gerações, no entanto, deixaram como legado valores que foram impressos com a sabedoria bíblica. Então, quais ensinamentos bíblicos informam esses valores específicos?
A Escritura está repleta de conselhos para nós sobre o trabalho árduo, a poupança de nossos ganhos, a restrição de nossos impulsos de assumir dívidas e gastos e a oferta generosa. Os Provérbios, por exemplo, nos convidam a ver estes princípios no mundo que nos rodeia. Assim como a formiga é um retrato do trabalho árduo (Provérbios 6:6), o preguiçoso é um alerta sobre as consequências deste mundo resultantes da preguiça e da indolência (24:30-35). Na providência de Deus, o trabalho árduo—e não as "buscas inúteis" ou a "pressa para ficar rico"—é o caminho para a riqueza (28:19-20; ler 10:04). Da mesma forma, as Escrituras nos advertem contra o endividamento (22:7; Romanos 13:8), enquanto elas enfatizam que o homem sábio poupa o "tesouro desejável e o óleo" que o tolo "desperdiça" (Provérbios 21:20). Na verdade, os gastos sem controle, alimentados por um desejo de ter mais coisas, levam à pobreza (v. 17). Somos chamados não somente para poupar os nossos ganhos, mas também para dar generosamente aos necessitados (19:17, 22:09; Eclesiastes 11:1). Geralmente, o ofertar é o caminho para a benção neste mundo, mas a mesquinhez leva à maldição (Provérbio 28:27).
Esses princípios são bíblicos e, em muitos casos, podem ser percebidos na própria criação. Como, então, podemos explicar os tipos de mudanças culturais que observamos acima? Por que é que muitos deixaram de lado essas verdades? A resposta é finalmente encontrada no poder do pecado e na impotência da lei para renovar o coração. O coração do incrédulo não tem amor a Deus ou à sua lei (Romanos 8:7). É impulsionado em sua essência pelo interesse egoísta que passa por cima dos mandamentos de Deus, um fato lamentavelmente ilustrado no primeiro pecado de Eva (Gênesis 3:6). Os comportamentos sobre os quais estamos falando resultam, em muitos casos, precisamente do egoísmo não controlado nem por restrições internas nem externas.
A tragédia desta situação é ressaltada pelo fato de que as estatísticas, os exemplos e os princípios saudáveis de finanças não têm poder em si mesmos para transformar uma pessoa de dentro para fora. Como igreja de Cristo, desejamos uma renovação profunda e duradoura que resultará em um envolvimento sincero com esses princípios que Deus nos tem dado para o nosso bem. Simplesmente lembrar os mais jovens sobre a moderação financeira de seus avós ou as consequências a longo prazo dos gastos desenfreados, não é suficiente.
Este tipo de renovação só acontece por meio do evangelho de Jesus Cristo. Ele anuncia que Jesus veio a este mundo para redimir os pecadores, mesmo aqueles que cometeram graves pecados financeiros. Ao converter-se do pecado e crer em Cristo como ele é oferecido no evangelho, as pessoas começam a experimentar a nova vida que ele comprou através de sua vida e morte, e livremente a dá para aqueles que não merecem. Essa vida, a Escritura enfatiza, é centrada em Deus e voltada para o próximo, e é um pedaço do futuro glorioso que pertence a todos os crentes em Cristo.
Uma das coisas maravilhosas sobre o evangelho é que, enquanto chega até nós em palavras, ele também é visível na prática nas vidas dos nossos irmãos, especialmente os mais antigos na fé. É por isso que Paulo pode dizer: "Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo" (1 Coríntios. 11:1). É por isso que os anciãos, cujas qualificações incluem a integridade financeira (ler 1 Timóteo 3:1-7), devem ser exemplos para o rebanho (1 Pedro 5:3). É por isso que Paulo cobra Tito de que as mulheres mais velhas devem treinar as mulheres mais jovens "no que é bom... a amarem o marido e seus filhos, a serem sensatas, honestas, boas donas de casa, bondosas, submissas ao marido, para que a palavra de Deus não seja difamada". (Tito 2:3-5).
Como, então, as gerações mais velhas na igreja podem nutrir esses princípios que vão contra a cultura nas gerações mais jovens? Uma das coisas mais importantes que os crentes mais velhos e maduros podem fazer é lembrar os crentes mais jovens de nossas riquezas presentes em Cristo e a glória que nos espera. Eles devem ser modelos de como viver o presente à luz destas realidades futuras. Eles podem mostrar-lhes que a santidade tem valor para a vida presente (1 Timóteo 4:8), e que o evangelho traz significado e propósito aos nossos esforços neste mundo (1 Coríntios. 15:58). Em um mundo que assume o conflito de gerações, que testemunho convincente seria se os idosos e jovens pudessem ser testemunhas unidas, em palavras e em atos, do evangelho de Jesus Cristo que transforma vidas.
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terça-feira, 23 de abril de 2013

Livre Arbitrio



IMPLICAÇÕES DO LIVRE-ARBÍTRIO POR CHARLES H. SPURGEON

       De acordo com o esquema do livre-arbítrio, o Senhor tem boas intenções, mas precisa aguardar como um servo, a iniciativa de sua criatura, para saber qual é a intenção dela.
Deus quer o bem e o faria, mas não pode, por causa de um homem indisposto, o qual não deseja que sejam realizadas as boas coisas de Deus. O que os senhores fazem, senão destronar o Eterno e colocar em seu lugar a criatura caída, o homem? Pois, de acordo com essa teoria, o homem aprova, e o que ele aprova torna-se o seu destino. Tem de existir um destino em algum lugar; ou é Deus ou é o homem quem decide.
      Se for Deus Quem decide, então Jeová se assenta soberano em seu trono de glória, e todas as hostes Lhe obedecem, e o mundo está seguro. Em caso contrário, os senhores colocam o homem em posição de dizer: “Eu quero” ou “Eu não quero.
Se eu quiser, entro no céu; se quiser, desprezarei a graça de Deus. Se quiser, conquistarei o Espírito Santo, pois sou mais forte do que Deus e mais forte que a onipotência. Se eu decidir, tornarei ineficaz o sangue de Cristo, pois sou mais poderoso que o sangue, o sangue do próprio Filho de Deus. Embora Deus estipule seu propósito, e rirei desse propósito; será o meu propósito que fará o dEle realizar-se ou não”. 
      Senhores, se isto não é ateísmo, é idolatria; é colocar o homem onde Deus deveria estar. Eu me retraio, com solene temor e horror, dessa doutrina que faz a maior das obras de Deus — a salvação do homem — depender da vontade da criatura, para que se realize ou não. Posso e hei de me gloriar neste texto da Palavra, em seu mais amplo sentido: “Assim, pois, não depende de quem quer ou de quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia” (Rm 9.16).

Texto extraído da Revista Fé para Hoje – Editora Fiel

quinta-feira, 18 de abril de 2013

O Uso da Bíblia em Tablets e Celulares no Culto e as Crianças



Jáder Borges Filho é pastor da Igreja Presbiteriana do Jardim Satélite, em São José dos Campos (SP), e foi secretário geral do Trabalho com a Infância da IPB (2006-2010). Estudou no Seminário do Recife e na Theologisches Seminar Ewersbach, na Alemanha. Promove o Congresso Infantil Primeiros Passos, voltado para quem trabalha com crianças, EBD e departamentos infantis.

Sou procurado vez por outra para dar opinião sobre algo com relação ao Departamento Infantil. Por um lado, fico feliz por este reconhecimento, pois já se vão mais de 20 anos pesquisando sobre a infância e a fé das crianças e o que isso tem a ver com a Igreja de Cristo, com o Reino de Deus e com a boa educação cristã e reformada para os pequeninos filhos da Promessa. Por outro lado, sinto que às vezes falta-me fôlego diante de tantos desafios e também pique para correr atrás de inúmeras informações neste mundo mais do que moderno. Ufa. Um dia desses perguntaram-me sobre o uso da Bíblia em celulares durante o culto.
Definitivamente o mundo da tecnologia não tem mais volta. E ele dá voltas velozes com a gente dentro! Quantas situações que até pouco tempo atrás nem ousávamos imaginar, hoje vemos? Tantas! Quem, chegando aos 50 anos, quando criança poderia imaginar que um dia teríamos um telefone em nossos bolsos (o tal do celular), com acesso a um monte de coisas que se pode fazer com apenas um toque em um aplicativo baixado? Hoje, porém, pode-se até ler a Bíblia no celular durante o culto, com direito a escolher em qual versão ou idioma. Sim, são tempos modernos, mas eu me pergunto se já não são tempos modernos... demais?!
Claro que há benefícios na tecnologia. Claro que eu também tenho a Bíblia no meu celular (baixei) e que já me socorreu inúmeras vezes em viagens, quando evangelizo alguém sentado ao meu lado em um ônibus, ou mesmo para uma leitura devocional em uma repartição pública lotada. Sim, este é mais um dos recursos à disposição, que você e eu podemos utilizar.
Mas, tratando-se de igreja, de culto público, eu vou dar a minha opinião: sou contra o seu uso. Sou contra o seu uso durante qualquer atividade na igreja e isso vai da Escola Bíblica Dominical ao culto vespertino e demais reuniões públicas de adoração e de estudo da Palavra de Deus. Se confrontado, eu serei obrigado a dizer que nada encontro como argumento de que a Bíblia no celular não seja a Palavra de Deus lida. E é claro que não poderei ir contra isto quando a versão digital for fiel às Escrituras originais. Mas, por que não recomendo o uso de Bíblias em celulares no culto? Por, pelo menos, quatro razões... minhas:

1. Por causa da incontrolável coceira dos dedos tamborilantes e do cérebro moderno afetado pelo terrível vírus Dii: digitalus irriquietus incontralavius.
Eu não vejo com muito bons olhos este recurso no culto. Percebo que ele mais distrai do que ajuda na concentração tão importante e necessária durante o sermão e a exposição das Sagradas Escrituras, pois celular ligado em culto oferece sempre o perigo e o convite para a distração. Poucos são os que ficam com o aparelho "aberto" na Bíblia sem começar a coçar-se com a coceira quase que incontrolável de seguir e continuar mexendo no celular o tempo todo. Em saguões de aeroportos é o que eu mais vejo: gente mexendo para lá e para cá no celular, quase não demorando um minuto em uma página. Na igreja, as possibilidades não estão ausentes. Ah, e o que dizer da coceira de olhar rapidinho os emails? E da outra coceira: a de ler os torpedos ou de respondê-los, pois o nome já diz tudo "torpedos". E eles são disparados às centenas e em diversos horários, a toda hora e a todo instante. A cada segundo são enviados mais de 200 mil torpedos no mundo, todos os dias, incluindo os domingos. E sempre haverá sim torpedo chegando para você durante o culto. E torpedo recebido tem uma urgência de ser respondido...
Irmãos modernos, vamos ser sinceros: celular na mão + recursos mil à disposição "e apenas a um toque" + torpedos = distração na certa! Eu não conheço quem consiga se controlar e concentrar-se no culto sem dar uma olhada distraída no torpedo que acabou de chegar. E aqui, na distração, há perda de concentração e também a falta de REVERÊNCIA na Casa do Senhor, pois estamos ali para adorá-Lo na beleza da Sua Santidade e com todo o nosso coração, mente e alma. Falhar aqui é ir contra a Palavra de Deus e a Sua Santa Presença em Sua Casa (veja: Deuteronômio 6.1-7; Salmos 93.5, Habacuque 2.20 e Hebreus 12.28).

2. Por causa do que considero ser um mau exemplo para crianças e adolescentes.
Nesta mesma linha, um adulto pode dizer que consegue controlar-se e concentrar-se só na Bíblia no celular e o tempo inteiro no sermão. Mas, uma criança e um adolescente não conseguem. Afirmo isto sem medo, em 99% dos casos. Um "quê" de desconcentração, e a "tentação" de seguir mexendo no celular durante o culto, ocorrerá da parte dos mais jovens e que estão com as suas personalidades em formação, mais cedo ou mais tarde. Esta geração de crianças e adolescentes é altamente vulnerável à tecnologia, e se um adulto faz isto no culto, o que os impede de fazerem também? E argumentos e argumentações para isto não faltarão, ainda mais tendo você e a sua vida de adorador, adulto ou pai que lê a Bíblia no celular durante o culto, (e quem sabe, de vez em quando, dá as suas navegadinhas...), como motivo que lhe abriu o desejo de imitá-lo nisto; mas eles não ficarão só nisso.
Quando leio que uma pessoa da igreja e da fé deva ser o padrão para os fiéis 1 nesses tempos, neste tema e neste campo, vejo que o texto de Paulo a Timóteo deve ser urgentemente observado. Não seja você, adulto ou até pai, um motivo de tropeço para fazer uma criança ou seu próprio filho ficar à mercê de todas as tentações, questões e demais distrações envolvidas e inerentes a um tablet ou celular durante o culto.
Você já pensou na seriedade das palavras do Senhor Jesus para os nossos dias quanto a fazer tropeçar um de seus pequeninos? E ali, no contexto da Sua advertência, o Senhor não está falando apenas sobre seus humildes seguidores de todas as idades (pequeninos em posição, classe social ou conhecimento). Ele incluiu as crianças também! 2

3. Por causa da questão do situar-se na Bíblia através do campo de visão, retendo a passagem lida, a fim de desenvolver uma maravilhosa intimidade de manuseio com a Palavra de Deus.
Eu sou daqueles privilegiados que aprenderam a ler com a Bíblia. Alfabetizado, eu ainda não conseguia articular direito as frases, juntando as letras. Tinha certa dificuldade. Mas quando foi um dia, a minha mãe e eu estávamos lendo sua Bíblia, e eu pude seguir com a leitura sozinho! Eu não me esqueço da emoção e, até hoje, aquele dia está marcado em minha memória para sempre! O dia em que aprendi a ler com o Livro de Deus!
A Bíblia, o livro em mãos, é uma graça maravilhosa que temos! 3 Poder manuseá-la, poder localizar os versículos que marcamos com lápis de cor, aquela porção com a qual nos identificamos ou fomos confortados, poder abrir novamente a passagem e, mesmo não conseguindo lembrar de detalhes da referência, poder localizar o trecho lido por recordação no campo de visão, uma vez que aprendemos a marcar bem as partes da Bíblia logo cedo por colunas, ajuda e muito. E a formatação das novas Bíblias eletrônicas é diferente. Isso não deveria jamais ser deixado de lado.
Além do que, manusear bem a Palavra de Deus inclui decorar os seus livros e saber posicioná-los com maestria na abertura do texto sugerido para o sermão ou para a leitura devocional. Como faz bem manusear a Bíblia! Como isto demonstra crescimento e maturidade espiritual. Como esquecer as canções que aprendemos quando criança sobre todos os livros da Bíblia e a sequência exata desta beleza, localizando-os também no Livro? Um celular ou tablet jamais poderão equivaler a esta emoção.
Isto faz muita diferença: saber localizar-se na Bíblia. Isto demonstra que há diferença em sua vida por saber manusear este Livro Sagrado! Não há tecnologia que proporcione isto, acredite-me. E eu não gostaria de ver as crianças desses tempos modernos perderem este privilégio e saírem perdendo, de fato, por não saberem manusear a Bíblia, entre outras questões que considero preciosas. Não dá para ser um eficiente espadachim com um joguinho de espadachim no celular ou tablet. Não dá para ser um bom leitor e observador da Palavra de Deus, sem saber onde estão localizados os livros. Eles têm folhas escritas, têm história, têm tempo 4.
É indescritível o sentimento de poder ter aberto a Bíblia e, achado o texto buscado com lágrimas, no momento de grande dor ou aflição. Não retiremos de nossas crianças este privilégio: o de saber onde está o texto desejado no Livro de Deus!
Infelizmente, já retiramos tantas coisas das nossas crianças: retiramos os concursos bíblicos, o bom hábito de cantar os hinos históricos da nossa fé, o bom proveito do culto doméstico, a riqueza de decorar versículos e demais porções da Bíblia e há quem queira retirar-lhes a Escola Bíblica Dominical. E agora iremos nós retirar a Bíblia em forma de livro de suas mãos? Não, eu lhes imploro que não! Eu, que tenho ambas, posso até ser interpretado como exagerado no que passarei a dizer, mas confesso: sinto uma enorme diferença entre ler a Palavra de Deus no papel e lê-la em uma tela fria de um aparelho eletrônico qualquer.

4. Por causa da Identificação com O Livro!
A minha avó Cecília foi convertida por Deus quando já mãe de oito filhos. A minha mãe era muito pequena, mas contou-me dos dias da conversão da minha avó. Cecília sofria agruras com o marido que seguia bebendo, seguia nas farras das noites, seguia perdendo empregos e seguia insistindo em gastar as parcas economias da família de maneira dissoluta. Mas quando foi um dia, um presbítero que era caixeiro viajante falou-lhe de Jesus Cristo. E lhe deu uma Bíblia. Cecília "virou crente"! E que crente em Cristo foi a minha avó! Os vizinhos romanistas fervorosos viraram-lhe as costas e nunca mais compraram os seus utensílios de flandres (panelas, copos simples que ela manufaturava e vendia nas feiras e vizinhança). As procissões enormes faziam questão de parar em frente à sua casa e ficar entoando cânticos romanistas por horas, recitando também palavras de ordem contra o protestantismo. Não foram poucas as pedradas contra as vidraças de suas janelas. Mas a minha avó, que tinha perdido tudo, tinha ganhado a Cristo! E lendo a Bíblia, criou as filhas no caminho do Senhor. Domingo de manhã, todo mundo saia de casa, cada qual levando consigo a sua Bíblia. Isto incluía a minha mãe ainda pequena.
No Rio de Janeiro, os nossos irmãos eram conhecidos como "Bíblias" de tanto que a portavam e sabiam manuseá-la. Como acho importante o crente e sua Bíblia. Portá-la visivelmente denota identificação com o Livro, com seu conteúdo e com a gente de fé em Cristo! Teve um tempo em que era preciso muita coragem para portá-la em público, mas isto trazia não só respeito, mas identificação, insisto nisso! E um celular que tem Bíblia? E daí, me diz o que em público?! Identifica-me com o que e com quem?
Nossos filhos precisam aprender a amar este Livro, pois se aprenderem a amar o celular, este, ainda que contenha a Bíblia, não será a sua identificação maior e pública, e eles se perderão pelos muitos caminhos atraentes de um celular. Seu filho nem sentirá esta preciosa identificação com o Livro de Deus e com tudo o que ele representa para a vida e para a fé.
Somos um povo. Nos Estados Unidos este POVO foi chamado de "o Povo do Livro". E que Livro! Celular algum conseguirá trazer e manter esta identificação e esta identidade. Não seja você, adulto ou pai, um que irá contra esta e outras tantas lindas histórias de gente que ama o Livro de Deus. Leve consigo a sua Bíblia para a igreja sempre. E deixe o celular em sua casa. Leia a Bíblia na sua casa - a Bíblia de papel e no papel. Demonstre a importância deste Livro e a diferença da sua leitura. Eu tenho para mim que a Bíblia em tablet ou em celular está se tornando cada vez mais usada para conferir um texto ocasional ou para leitura só no culto. E só. Isto parece ser a vida e ação de muitos crentes hoje em dia e eu estou começando a ficar convencido disso.
Não retire de perto do seu filho a Bíblia. Sim, a em forma de livro. Lê-la, transportá-la e identificar-se com toda a linda e marcante história do povo de Deus que a amou, preservou e dedicou-lhe especial atenção enquanto a conduzia para a Igreja e por ela era conduzido durante a vida, tecnologia alguma suplantará.
Hoje eles são crianças e adolescentes. Hoje eles olham para você e aprendem com você. E eu lhes digo: agora que estou a poucos dias de levar a minha filha para a Universidade, em outra cidade bem distante de onde moramos, para ela iniciar a sua vida acadêmica, fez toda diferença no meu coração vê-la arrumando a mala e colocando ali a sua Bíblia com carinho. Esta linda cena que ficará em minha memória não seria possível se ela estivesse colocando em sua mala naquele dia apenas o seu celular, ainda que contendo a Bíblia. Pense nisso. 

Algumas Dicas:
1. Deixe o seu celular em casa. Aprenda a não levá-lo para a igreja. A maioria considerável dos crentes não precisa do celular no domingo. Por questões de segurança, porém (como a de ter que chamar um guincho), deixe o celular no carro ou desligado na bolsa.
2. Profissionais da área de saúde ou de outras áreas que requeiram estar com o celular por questões de emergência, deixe-o no modo vibrador e nunca entregue o celular para o filho.
3. Desacostume-se urgentemente a ler a bíblia no celular durante o culto. Boa parte dos crentes que faz isto está perdendo rapidamente o bom hábito de levar a Bíblia para a igreja. Muitos crentes estão perdendo também a capacidade de retenção do texto lido por causa disso.
4. Como o celular é muito mais importante para outras questões e usos no dia-a-dia, o risco de a Bíblia passar a ser apenas um daqueles aplicativos opcionais e "de uso de vez em quando", torna-se grande. Perdida no meio de tantos aplicativos opcionais que você baixou, ela corre o risco de cair no esquecimento.
5. Pesquisas, estudos, autoridades médicas ainda discutem os malefícios da tecnologia na mente das crianças. Não fique só com a opinião dos que defendem os benefícios da tecnologia. Há muita discussão em aberto neste campo. Estude algo sobre dislexia, por exemplo, e veja como aparelhos eletrônicos, games, jogos e afins podem contribuir para problemas como dislexia ou síndrome de Asperger.
6. Desconcentrar-se em cultos já é algo muito fácil para as crianças e adolescentes. Com um recurso tecnológico em mãos, o problema com certeza irá aumentar.
7. Se em cinemas, salas de aula, aviões... o uso do celular é proibido, por que na igreja seria diferente? E por que você concorda que o aparelho deva estar definitivamente desligado no cinema (pois atrapalha o filme), na sala de aula do seu filho (pois ele irá perder a concentração e ficar mexendo no celular, sem dúvidas) e em aviões (pois compromete a segurança), por que no culto pode?
8. Quando as nossas filhas eram pequenas e já estavam alfabetizadas, minha esposa anotava os pontos e partes do sermão e elas iam tomando notas junto, pegando os pontos das anotações da mãe. Isto ajudava na concentração, no acompanhamento e na retenção da mensagem. Incentive seus filhos a anotarem os pontos do sermão. Faça isso com eles.

1 - Ver Tito 2.7; 2 Timóteo 1.13.
2 - Ver Mateus 18.1-6.
3 - Convido você a ler e meditar na História do rei Josias e o Livro perdido – 2 Reis, capítulo 22.
4 - Ver 2 Timóteo 2.15

 Disponível no endereço: http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=471

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Desprezo à Reforma Protestante???

O Pentecostalismo e o Desprezo à Reforma
Por Samuel Balbino

Não me entendam mal. Se o título dessa postagem parece ofensivo não é menos do que a atitude da maioria das denominações pentecostais. Estamos no mês onde se comemora 494 anos da Reforma Protestante e sempre nessa data as denominações de confissão histórica estão promovendo seminários, palestras, congressos, simpósios. Tudo para avivar na mente das pessoas a importância desse acontecimento. Mas e as pentecostais? O que elas fazem para honrar o retorno do Cristianismo à pureza do evangelho de Cristo? Nada!

Estive fazendo uma pesquisa nos sites das principais denominações pentecostais do país e nada encontrei sobre a Reforma. O que podemos concluir com isso? Que há um desprezo sem igual por aquilo que nos possibilitou estarmos aqui hoje. A pergunta é: Por que isso acontece. Tenho algumas respostas.

Não é interessante ficar relembrando um evento que pode desenvolver nas pessoas um senso crítico que as impeça de receber as fortalezas lançadas continuamente nesses lugares. Qualquer cristão sincero e que estude fielmente a Bíblia e a história da Reforma irá encontrar sérias contradições entre o que hoje é chamado de protestantismo e aquilo que foi pejorativamente denominado protestante no século XVI. As diferenças gritantes, ao contrário do que afirmam alguns, não são irrelevantes, pois se tratam da essência e do âmago da Fé que protestou contra o papado e as aberrações deste. Ora se algo perde sua essência, isto significa que perdeu também sua identidade. Já pensou se Deus perdesse sua essência? Simplesmente não seria mais Deus. Assim também se o protestantismo perdeu sua essência e valores, logo deixou de ser protestantismo para ser qualquer outro “ismo” por aí.

Mencionar a Reforma exigiria da parte de certas lideranças o compromisso de assumir o risco de perder membresia para o estudo e meditação de assuntos que realmente são importantes para a Igreja. Na grande maioria das denominações pentecostais, e porque não dizer 99,9 % delas, predomina o antropocentrismo doente, o humanismo sofista que leva as pessoas a procurarem antes de tudo o seu próprio bem-estar. Não vemos essas denominações pregando as doutrinas da Graça de Deus como eleição, justificação, etc. Alguns talvez digam: Ah, isso é calvinismo! Ora então Lutero era calvinista, pois falou reinteiradas vezes sobre esses temas. Não amados, esses temas não são meramente calvinistas, esses eram os temas que se pregavam nos púlpitos comprometidos unicamente com a pureza do evangelho. Os púlpitos que priorizavam o genuíno evangelho.
Um pastor que de fato é protestante não importuna a congregação com mensagens que alisam o ego humano, que induz o povo a uma busca por prosperidade e curas nem nada que seja material e temporário, antes os púlpitos protestantes falam de coisas eternas, ensinam como ajuntar tesouros nos céus e apontam aos pecadores qual é o caminho da salvação, ensinando-lhes a baterem na porta dos Céus implorando para serem aceitos por Deus e sua misericórdia!
Quando se faz simpósios e congressos pentecostais quais são os temas que abordam? “Vida Vitoriosa”, “Festival de Maravilhas”, “Fogo para o Brasil”, as palavras que vejo saindo dos lábios de muitos pregadores são: Cresça, conquiste, prospere, determine, profetize, grite, pule, não aceite, apareça, se engrandeça e etc. Ao invés disso deveriam dizer: Se prostre ante a majestade e soberania do Eterno, humilhe-se na presença de Deus para que ele a seu tempo vos exalte. A Igreja hoje têm perdido o sentido do que vem a ser o evangelho da humilhação. As falsas experiências sobrenaturais estão destruindo a pureza do evangelho, as visões, profecias, línguas, curas, idas ao céu e ao inferno, combates contra demônios e toda a sorte de mentiras usando as Escrituras têm prevalecido e construído uma das fortalezas mais difíceis de derrubar. E tais líderes perceberam que sem essas coisas não é possível construir grandes impérios mercantilistas travestidos de congregações e igrejas. Precisamos continuar a Reforma!
A Reforma traz à lume uma visão de Deus muito desagradável. Não pensem que foram bons motivos que levaram alguns apóstatas a abandonarem os princípios da Fé Protestante e criarem os seus próprios. O que acontece é que o pensamento reformado reconheceu a centralidade de Deus em todas as coisas, colocando o homem em último plano. Isso pode ser muito desagradável para alguns. Imaginar que suas vidas estão sendo controladas e convergindo num plano maior do qual eles não têm como saber de que forma irá terminar ao certo, pode parecer muito frustrante.
A vontade de possuir o controle de tudo é o dínamo que move o homem em direção a rebeldia contra a soberania de Deus. Falar em Reforma é falar em Deus soberano. Deus soberano é o mesmo que homem incapaz e homem incapaz é o mesmo que ferir o orgulho com qual muitos se exaltam em afirmar que podem frustrar os planos e desígnios de Deus deixado-os a mercê de suas torpes decisões.

Um pentecostal jamais irá admitir plenamente a soberania de Deus, pois sua cosmovisão distorcida da realidade o leva a questionar a justiça e benignidade do Eterno julgando-os por seus próprios conceitos de justiça e retidão. Sendo assim, para muitos este é um assunto que deve permanecer em secreto, e se mencionado que se faça superficialmente para que não se desperte a curiosidade do povo e não os faça pesquisar mais sobre o mesmo e dessa forma questionar as coisas que tem aprendido rotineiramente nos “cultos de fogo”. Vejo todo esse panorama com profunda semelhança à questão dos fariseus e doutores da Lei, os quais impediam as pessoas simples de tomarem conhecimento da verdade surrupiando-lhes a chave do conhecimento. Talvez a história hoje seja a mesma, mudando-se apenas os protagonistas.

“Ai de vós, doutores da lei! porque tomastes a chave da ciência; vós mesmos não entrastes, e impedistes aos que entravam” (Lucas 11.52).

Fonte: http://novareforma.blogspot.com/