
Em meio a tantos encontros de três dias, tantas unções e “palavras proféticas”, o indivíduo se enche de uma certeza inabalável que conhece o Senhor mais do que aquele cristão “frio” que apenas fala da bíblia, intransigente e criterioso.
Nesse homem não se vê pulos, não há risos com uma pregação cheia de piadas, ele não entra na onda do cair no espírito (não acha razões bíblicas suficientemente fortes para isso), as músicas evangélicas populares, explodindo nas paradas do sucesso, são para ele, aguadas de fraco conteúdo bíblico e doutrina fiel. É difícil encontrar alguns desses andando por aí.
Eles não se encontram nas marchas para Jesus, emporcalhando a cidade e tornando o trânsito um inferno, muito menos, nós o veremos dando ibope as redes de televisão aberta, pois ninguém gosta de sua mensagem, ele é intragável!
Por que isso acontece? Simples, a cultura da grande parte de crentes formados em solo brasileiro é idolátrica até a alma!
Até pouco tempo, o cristão era visto como alguém que não era aplaudido pela mídia, recebia preconceitos por cada pronunciamento seu ser acompanhado por dois ou três versículos, era um corpo estranho na sociedade, o inferno e a ira era a pregação impopular que ameaçava ao ímpio endurecido.
As músicas falavam sobre a espada da lei, logo, não podiam ganhar o Grammy Latino. Encharcadas de bíblia, as almas cantavam grandioso és tu, pois, meditavam nessa verdade de Gênesis a Apocalipse.
Nesse tempo os pastores não trocavam de carro todo ano à custa dos fiéis, mas a bíblia era ensinada completamente, ele lutava consigo mesmo durante dias estudando e orando ao Senhor por apenas um sermão. Doutrinas eram expostas, e, o coração da ovelha caída era enternecido pelas palavras de vida eterna, pela visitação pastoral e pela oração sobrecarregada de seus irmãos.
A justificação pela fé e a salvação pela graça eram temas conhecidos e decorados pelas crianças, assim podiam cantar capítulos inteiros da bíblia até a sua mocidade.
“A prática dos cristãos modernos e populares é exatamente oposta, ideológica e moralmente, dessa antiga geração de cristãos fiéis.”
Negligenciam descaradamente a palavra de Deus em nome de um “tanto faz”, deixa assim mesmo ou “quem somos nós para julgarmos?”.
Uma geração de crentes com anos de igreja sem ter lido a bíblia toda. O culto familiar foi abandonado, e, as crianças se tornaram em depósitos de ensinamentos e cânticos mais fracos do que a pregação-teatro-jogral-ministração-unções que é feita no templo domingo após domingo, campanha após campanha.
O teatro usurpou a pregação e fez que a mensagem fosse mais “relevante” aos bodes, ainda que se abrisse um pouco a bíblia para falar algo, isso seria apenas para desencargo de consciência, mas não alimentava o suficiente.
Embora muitos desconfiem que existam práticas estranhas e místicas, a ditadura do líder fundador, faz a mente preguiçosa do crente alienado, relaxada e apta a não usar o discernimento bíblico. A verdade é que tudo está estampado diante do mais simples crente, mas, as escamas da alienação, não permitem que a luz brilhe.
Algum cantor (a) famoso se “converte”, rapidamente grava mais um CD e dá uma guinada em sua vida pública que antes estava esquecida, e, com seu testemunho, arrecada milhares de reais gastos em hotéis e cruzeiros de luxo, fazendo assim a “obra” de Deus.
Se isso não é idolatria e paganismo camuflado de piedade, então, o evangelho puro e simples de Cristo, pregado e vivido pela igreja primitiva, é falso. Mas o só pensar nisso é blasfêmia!
Viver segundo o que o “apóstolo” diz e não julgá-lo pela bíblia, andar amarrando tudo que é demônio inventado por aí, sem parar para examinar nas escrituras profundamente, cada uma dessas coisas, é desprezar a Palavra da maneira mais vil e religiosa possível, pensando que está fazendo o bem.
Fazer o que se pensa que é certo, utilizando a si mesmo como o padrão, e não a bíblia, através do estudo diligente desta, é profanação da pior espécie.